"Caros alunos e colegas de profissão, segue uma tese sobre um dos exercícios mais completos existentes. Lembrando que, façamos a leitura e tiremos nossas conclusões, aplicando assim de maneira individualizada para cada caso e funcionalidade."
Abraço, Thiago Julião de Moraes
Ao longo de décadas foram
cultivadas crenças e opiniões infundadas, baseadas em conhecimento empírico.
Inúmeros praticantes de academia e até mesmo professores formaram opiniões sem
base cientifica sobre esse exercício (agachamento). Nesta matéria, tentaremos
esclarecer uma questão discutida há anos.
Afinal, no agachamento pode ou não o joelho ultrapassar a
ponta do pé?
Este mito foi criado baseado em
suposições e opiniões de praticantes que vieram a ser instrutores no modelo
antigo de gestão de academias, clubes e outros locais de pratica de exercícios.
Esta crença baseia-se na premissa de que, não projetando seu joelho para
frente, o agachamento se torna mais “seguro”. Para entender o que
seria ou não seguro, tentaremos dar uma visão geral sobre o
agachamento e suas particularidades.
Existem inúmeras formas de
realizar este exercício: com os pés afastados, com os pés unidos, o famoso
agachamento sumô, na máquina, com barra livre e assim por diante. Não
queremos aqui dar receita ou dizer o que é certo ou errado; a intenção
aqui é esclarecer e orientar o praticante para uma melhor escolha em
um programa de treinamento. Quando realizamos um agachamento, nosso corpo
solicita inúmeras estruturas para vencer a resistência imposta, seja ela do
próprio corpo ou de pesos. Estas estruturas dividem o peso de acordo com a
posição em que se encontra o corpo, pois existe um ponto central de
aplicação de carga que é chamado de centro de gravidade. Este centro de
gravidade é o ponto onde a gravidade age com maior intensidade, gerando uma
sobrecarga maior naquele ponto.
Onde se encontra o centro de gravidade?

No que o centro de gravidade influencia no agachamento?
Ao realizar um agachamento em que
os joelhos não ultrapassam a ponta do pé, adotamos posturas diferentes para um
exercício livre ou na máquina. No agachamento livre, para equilibrar o
corpo, projetamos o quadril para trás e a cabeça para frente; isso faz com que
o centro de massa se desloque para frente, sobrecarregando totalmente as
estruturas que envolvem a região lombar, tirando grande parte da sobrecarga
sobre o quadríceps e jogando para o glúteo e extensores do quadril. Ao
realizar este exercício na máquina, o praticante, para não ultrapassar o joelho
da ponta do pé, retifica sua lombar e projeta os pés para frente.
Esta manobra gera uma sobrecarga
imensa nos joelhos, e somada a um ângulo de 90º, que é um dos pontos de
maior compressão patelo-femoral que existe, com certeza irá gerar uma
lesão no joelho, e quando se trata da retificação da coluna lombar,
este movimento faz com que esta região suporte menos sobrecarga,
aumentando assim, o risco de lesão para esta região também.
E quanto às estruturas envolvidas no agachamento?

Este pode ser considerado um dos exercícios
mais completos e complexos que existem, pois a composição de músculos,
articulações e tendões envolvidos é imensa. Mas, por hora, vamos nos ater a uma
articulação em particular para entendermos melhor sobre a questão de não ultrapassar
o joelho da ponta do pé. Vamos falar sobre a articulação do tornozelo, que é
extremamente importante neste exercício. Para o praticante realizar o exercício
(agachamento) sem ultrapassar o joelho da ponta do pé, esta articulação
fica praticamente imóvel. Esta ação sobrecarrega outras estruturas. Quando
o praticante ultrapassa o joelho da ponta do pé, as forças que agem sobre
o ALH (aparelho locomotor humano) são distribuídas entre as estruturas
envolvidas, gerando uma dorsiflexão do tornozelo, fazendo com que o tibial
posterior se contraia. Esta ação do tibial posterior gera uma rotação
interna da tíbia, consequentemente, uma rotação externa do fêmur, diminuindo
assim o ângulo Q.
Concluímos que, do ponto de vista da segurança
e da eficiência, distribuir a carga entre as estruturas envolvidas em
qualquer movimento realizado pelo ALH (aparelho locomotor humano) é a
melhor estratégia a ser adotada. Claro que existem inúmeras outras variações
e estratégias de treinamento, e cabe ao professor responsável pela montagem do
programa escolher a que melhor se aplica à pessoa em questão. Nesta
matéria, tentamos apenas derrubar mais um mito, e não colocar o que é certo ou
errado, pois não acreditamos em exercícios certos ou errados, e sim, em
exercícios mal aplicados e mal colocados.
Obs: O mesmo exercício
que pode te salvar pode te matar. Existe uma linha sutil entre o sucesso e o
fracasso. Apenas o profissional de Educação Física saberá manter o
praticante do lado do sucesso em cada exercício. Exija um
profissional formado e inscrito no CREF, se
necessário, peça para que o mesmo se identifique com seu RG profissional.
Claudio Sofredini
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